Casa Vogue - A ruina de Detroit, em fotos impressionantes / by Philip Jarmain

Quando Detroit se declarou incapaz de pagar dívidas superiores a US$ 20 bilhões e pediu concordata no último mês de julho, muita gente se disse chocada com a ruína daquela que já foi a quarta maior cidade dos Estados Unidos. Para o fotógrafo canadense Philip Jarmain, no entanto, não houve surpresa. Tocado pela triste situação do antigo polo industrial americano, o profissional começara em 2010 a registrar aquilo de pior que via na metrópole.

O impacto de Detroit na definição de uma estética industrial e moderna não tem precedente. A cidade, que por um longo período se definiu pela inovação e pelo trabalho artesanal empregado em seus edifícios, chegou a ser apelidada de “Paris do meio-oeste”. A arquitetura erguida ali no início do século 20 não devia nada à de metrópoles como Nova York, Chicago, ou a própria Paris.

A crise de 1929 pode ter freado a era da opulência arquitetônica, mas Detroit manteve-se forte até, pelo menos, os anos 1950, berço que era de uma das indústrias mais importantes do país, a automotiva. Com a mudança sistemática de parte de sua população para os subúrbios a partir da mesma década (fenômeno ocorrido em quase todos os EUA), as crises do petróleo nos anos 1970, a chegada dos carros japoneses nos anos 1980, e por fim a dura recessão econômica que abateu-se sobre o país em 2008, Detroit sucumbiu.

Este último ato da derrocada foi o golpe de misericórdia – a cidade ficou em ruínas. A população caiu de 1,8 milhão de pessoas na década de 1950 para 706 mil atualmente; a taxa de desemprego chega, hoje, aos 30%; 40% da iluminação urbana não funciona e metade dos parques está fechada. Quanto aos majestosos prédios antigos? Se não foram demolidos, são constantemente degradados.

Neste momomento, 20 das inúmeras imagens feitas por Jarmain compõem a mostra American Beauty – The Opulent Pre-Depression Architecture of Detroit, que ocupa dois andares da Meridian Gallery, em São Francisco, na Califórnia. Impressas nos tamanhos 1,2 x 1,8 m e 1,5 x 2,1 m, as películas impressionam pela magnitude. A riqueza de detalhes é assustadora, uma vez que o que se vê ali não é beleza, mas destruição, descaso e abandono. “Estas são, provavelmente, as últimas fotos arquitetônicas de formato grande que contemplarão tais estruturas”, lamenta o fotógrafo.

Talvez sejam. Mas para ter certeza é preciso conferir o tamanho das imagens apresentadas numa outra mostra sobre a cidade, essa aqui em São Paulo. Detroit: ponto morto? ocupa o Centro Cultural São Paulo a partir deste sábado, como parte do roteiro da X Bienal de Arquitetura da cidade. Para saber mais a dica é conferir os posts feitos na página do evento, no Facebook.